quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Construção

BRASÍLIA - A facilitação do crédito para pessoas de baixa renda comprarem material de construção é um dos temas que serão discutidos nesta quarta-feira em ampla reunião do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com representantes do setor privado. O presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Claudio Elias Conz, vai defender uma medida que, na sua opinião, reduz o risco dos bancos nos financiamentos para a compra de produtos do setor.

A idéia é simplificar e desburocratizar essas operações, fazendo com que a loja participe como garantidora de parte do crédito. O papel dos bancos públicos federais, principalmente a Caixa Econômica Federal, é fundamental.

O governo quer ouvir dos empresários sugestões para enfrentar a crise econômica e também sentir o ânimo dos empreendedores para 2009. Um pacote de estímulo à construção civil está sendo preparado e deve ser anunciado ainda neste mês pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No âmbito dessas medidas, espera-se um ataque ao déficit habitacional, a ampliação das concessões de rodovias, um novo grupo de obras em estradas, portos e ferrovias, o trem bala Rio-São Paulo e um conjunto de mobilidade urbana (transportes) para as 12 cidades que vão receber jogos da Copa de 2014.

Lula vem prometendo que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) está preservado no esforço fiscal do governo federal para encarar a crise. Nesse cenário, o presidente da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base, Paulo Godoy, alerta para o fato de que essa promessa depende de financiamento de longo prazo, reforço do caixa do BNDES e ampliação do apoio do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para os projetos de infra-estrutura. Nesse aspecto, já foram dados todos os sinais para que os trabalhadores que têm conta no fundo possam investir até 10% nesses projetos. Estima-se que serão agregados R$ 8 bilhões aos R$ 15 bilhões já vinculados.

Na avaliação do presidente da Anamaco, a expectativa com a reunião é muito positiva, porque foi uma iniciativa do governo. Será outra oportunidade para ele reafirmar que é preciso simplificar e desburocratizar o acesso às linhas de crédito oficiais, principalmente com recursos do FGTS e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Conz lamentou o fracasso da linha de R$ 1 bilhão, anunciada em dezembro, para compra de material de construção. Ele diz que o objetivo de financiar quem ganha até R$ 1,8 mil foi bloqueado pela burocracia e pelas exigências de garantia para os bancos. " O comércio de material de construção tem inadimplência muito baixa e poderia dividir o risco nessas operações. O varejo representa 77% do PIB da construção civil. " A Anamaco também defende a inclusão do material de construção na lista dos bens que podem ser financiados com os recursos relativos a 2% dos depósitos à vista. Nessa linha, os beneficiados são pessoas com renda mensal até cinco mínimos.

Apesar da crise, Conz informa que, em novembro, os resultados do varejo de material de construção foram melhores que os de outubro e os dias úteis de dezembro tiveram vendas " importantes " . Segundo ele, o setor fechará 2008 com crescimento até 10%, e a perspectiva para 2009 é de algo próximo dos 8,5%.

Na área da infra-estrutura, o presidente da Abdib, quer saber do governo qual será o papel da Petrobras nas prioridades dos investimentos públicos em obras para que o efeito anticíclico seja cumprido. Ele argumenta que, para o PAC não parar, é preciso uma blitz no licenciamento ambiental das hidrelétricas, o que exige conscientização e responsabilidade de vários atores do poder público e não apenas do governo federal.

O conjunto de medidas conhecido como Habitação de Interesse Social (HIS) está entusiasmando os empresários da construção civil. A idéia do governo é financiar, em 2009, 900 mil residências, o que significa aumento de 50% sobre esse segmento do crédito em 2008. Considerando recursos da Caixa Econômica Federal e bancos privados, o volume emprestado em 2008 foi de cerca de R$ 30 bilhões.

Fonte.: Valor Online

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